Pequim e Washington travam nova batalha tarifária com impacto global
A tensão entre as duas maiores economias do mundo voltou a escalar de forma dramática nesta semana. A China anunciou a aplicação de tarifas retaliatórias de até 125% sobre produtos importados dos Estados Unidos, em resposta às medidas tarifárias agressivas impostas pelo presidente Donald Trump, que retomou sua política de confrontação comercial após reassumir o cargo em janeiro de 2025.
Segundo o Ministério das Finanças da China, a nova rodada de tarifas, que entrou em vigor na quinta-feira (10), é uma reação direta à decisão da Casa Branca de taxar produtos chineses em até 104%, além da imposição generalizada de tarifas a 117 países — incluindo uma taxa de 10% sobre o Brasil.
Em pronunciamento oficial, o governo chinês classificou as ações dos EUA como “arbitrárias, coercitivas e economicamente insustentáveis”, e afirmou que continuará a tomar “medidas firmes” para defender seus interesses. O presidente Xi Jinping declarou que a China “não teme nenhuma repressão injusta” e que o país manterá o foco em sua autossuficiência, reiterando que “não há vencedores em uma guerra comercial”.
Trump dobra a aposta e abala mercados
A nova ofensiva tarifária de Trump gerou forte instabilidade nos mercados globais. O índice S&P 500 caiu 3,5% e acumula perdas de 15% desde fevereiro. Bolsas asiáticas também reagiram negativamente, com destaque para o Japão, cujo índice Nikkei despencou 4%.
Analistas alertam que a nova escalada pode empurrar a economia mundial para a beira de uma recessão. Um estudo da Universidade Yale aponta que o consumidor americano enfrentará, em média, uma tarifa efetiva de 25,3% — a mais alta desde 1909.
“Está claro que a economia dos EUA não enfrentava um choque dessa magnitude desde os anos 1920 e 1930”, afirma Tiffany Wilding, economista da gestora de ativos PIMCO.
Vietnam, Brasil e o efeito dominó global
Outros países também foram atingidos pela política tarifária americana. O Vietnã, por exemplo, foi surpreendido com uma tarifa de 46%, sob a acusação de permitir que produtos chineses fossem reexportados com origem falsa. O país tenta agora negociar uma redução tarifária entre 22% e 28%.
O Brasil, por sua vez, recebeu a menor tarifa entre os afetados — 10%. Ainda assim, economistas alertam que os impactos indiretos podem ser significativos, principalmente para setores exportadores que dependem da estabilidade das cadeias globais de suprimentos.
Incerteza domina cenário internacional
Mesmo diante da escalada, o presidente Trump se mostrou otimista quanto a um possível acordo. “Mais de 75 países já manifestaram interesse em negociar conosco”, declarou o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
No entanto, especialistas destacam que, com o atual nível de desconfiança, a fragmentação comercial pode provocar efeitos duradouros e imprevisíveis na economia global.
Enquanto isso, o mundo observa com apreensão o desenrolar de uma disputa que desafia a lógica do comércio internacional e ameaça os pilares da estabilidade econômica planetária.