A líder da oposição venezuelana María Corina Machado foi distinguida esta sexta-feira com o Prémio Nobel da Paz de 2025, anunciou o Comité Norueguês do Nobel, em Oslo. A distinção reconhece “a sua luta incansável pela democracia, pelos direitos humanos e pela liberdade do povo venezuelano”, num contexto de repressão política e crise prolongada no país sul-americano.
Segundo o comunicado oficial, Machado é homenageada “por promover, de forma pacífica e determinada, a transição democrática na Venezuela e defender o direito dos cidadãos a eleições livres e justas”.
O comité destacou ainda a coragem da líder opositora “em enfrentar um regime autoritário, mesmo sob risco pessoal”.
Uma trajetória de resistência
Engenheira industrial e antiga deputada, María Corina Machado tornou-se uma das figuras mais proeminentes da oposição venezuelana. Fundadora do movimento Vente Venezuela, ela tem sido uma das vozes mais firmes contra o governo de Nicolás Maduro, denunciando a corrupção, a censura e a repressão a opositores.
Em 2024, Machado viu a sua candidatura presidencial ser inabilitada pelo Tribunal Supremo de Justiça, medida amplamente criticada pela comunidade internacional. Mesmo impedida de concorrer, continuou a liderar esforços para unir a oposição e mobilizar a sociedade civil em torno de um projeto democrático.
Reações internacionais
O anúncio do Nobel foi recebido com aplausos de diversos governos e organizações de direitos humanos. A União Europeia classificou a decisão como “um reconhecimento justo e necessário da coragem de uma mulher que se tornou símbolo de resistência democrática na América Latina”.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado felicitou Machado “pelo seu compromisso com a liberdade e a dignidade do povo venezuelano”.
Já em Caracas, o governo de Nicolás Maduro reagiu com críticas. Em comunicado, o Ministério da Informação afirmou que o prémio “representa uma ingerência política e uma tentativa de legitimar uma figura ligada à extrema-direita e ao intervencionismo estrangeiro”.
Entre a esperança e a divisão
Apesar do reconhecimento internacional, María Corina Machado divide opiniões dentro da Venezuela. Segundo sondagens locais, cerca de 64% dos venezuelanos manifestam rejeição à sua liderança, embora reconheçam o seu papel na denúncia das injustiças do regime.
Analistas políticos consideram que o Nobel poderá fortalecer a sua imagem junto da comunidade internacional e abrir novas possibilidades de diálogo sobre o futuro político do país.
Cerimónia em Oslo
A entrega do prémio está marcada para o dia 10 de dezembro, em Oslo, data que assinala o aniversário da morte de Alfred Nobel. Machado deverá comparecer pessoalmente, caso as condições políticas o permitam.
Com esta distinção, a Venezuela volta a estar no centro da atenção mundial, agora não pela crise, mas pela figura de uma mulher que simboliza, para muitos, a esperança de uma mudança pacífica e democrática.
Fonte de pesquisa : REUTERS